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A fogueira de Dario Pereyra
Fonte: Gazeta Esportiva

Raul Flávio Drewnick

Dario Pereyra chegou ao Corinthians dizendo que no seu elenco todos eram titulares. A frase de efeito foi vista com desconfiança por todos, apontada como proselitismo, média típica de treinador. No entanto, após três jogos, o técnico uruguaio provou que seu discurso é sério e promoveu uma verdadeira revolução na equipe.

Apesar de ter deixado alguns jogadores chateados, Dario não acha que esteja comprando uma briga com seus comandados e nem `queimando' seus atletas perante a Fiel. "Não acho que esteja queimando ninguém. Não é uma decisão minha. Se um atleta estiver jogando melhor, vai me obrigar a escalá-lo. Não posso garantir ninguém em campo. A titularidade depende apenas de cada um", explica Dario, mostrando uma sinceridade incomum para um treinador que lida com grandes estrelas do futebol e, por conseqüência, egos ainda maiores.

Kléber, um dos que na quarta-feira foi beneficiado pela facilidade com que Dario altera a equipe, aprova o estilo do treinador. O lateral-esquerdo ganhou a posição de André Luís e não acredita que estas mudanças deixem os jogadores intranqüilos. "Sabendo que tenho uma sombra como a do André Luís, tenho de mostrar meu potencial cada vez mais. Esta dedicação ajuda os jogadores e principalmente o time", analisou.

Dario Pereyra aproveitou o zagueiro Avalos como exemplo de sua filosofia. "Ele estava esquecido aqui e conquistou a vaga nos treinamentos e agora provou sua condição também nos jogos". Outra aposta de Dario é no atacante Gil, que foi aprovado pelo treinador.

Segundo o técnico corintiano, nenhum medalhão (Paulo Nunes ou futuros contratados) vai tirar o lugar do garoto se não for por méritos dentro de campo. "O nome do jogador não influi em nada na minha decisão. Estou gostando muito do trabalho do Gil", afirmou. O atacante gostou das palavras de Dario. "É bom trabalhar com um técnico assim", disse.

O zagueiro Fábio Luciano, um dos prejudicados com o método de Dario, está tentando se enquadrar no esquema novo. "É o estilo dele. Isto tem dois lados: ao mesmo tempo que motiva todo mundo, quem está jogando fica um pouco tenso. Temos que saber jogar assim também", analisou. O goleiro Renato foi outro que foi para o banco com a mesma rapidez com que havia tirado o lugar de Maurício. Gléguer entrou como titular contra o Fla e vai prosseguir na meta alvinegra. "Fiquei sabendo que iria jogar em cima da hora", revela Gléguer.

Fé - Dario Pereyra confessou ter apelado a Deus no segundo tempo da partida de quarta-feira. "Tenho muita fé. Carrego um crucifixo comigo, há 24 anos. Tenho desde que cheguei ao Brasil. Deus atende quem pede e trabalha", disse o treinador.

Enquanto Dario conta com Deus, o vice-presidente de futebol do Corinthians, Antônio Roque Citadini, preferiu não confirmar a contratação do atacante Zé Carlos do Botafogo. O jogador deve vir por empréstimo de um ano por R$ 800 mil.