Fábio Mazzitelli
Marco Antonio Guedes da Costa, o Mococa, 52 anos. Preparador de goleiros do Corinthians, fã do ex-capitão do Exército Carlos Lamarca (símbolo da guerrilha nos anos de chumbo) e, conseqüentemente, dono de um estilo militar de treinar goleiros. Capaz de cobrá-los diariamente, aos berros, nos exercícios ou publicamente, como fez na semana passada para o LANCE!, ao analisar Maurício, Renato e Yamada, as opções do técnico Darío Pereyra.
"Pelo lado do caráter, da aplicação nos treinos, eles são extraordinários. Tecnicamente, estão muito longe daquilo que a gente pensa para um grande goleiro" diz Mococa.
De temperamento explosivo, Mococa cobra à exaustão o mesmo pavio curto em cada gesto dos goleiros corintianos nos treinamentos. Titular do semestre passado, e velho conhecido do preparador de goleiros do Timão, Maurício, 30 anos, é o alvo preferencial de Mococa.
"Tecnicamente, o Maurício está muito longe daquilo que a gente pensa de um grande goleiro. Não é o Maurício que eu conheci na Ponte, em 92" afirma.
"Falta lateralidade, reposição de bola, está muito mal tecnicamente..."
Renato e Yamada, que ainda lutam para se firmar nos profissionais do clube, não são poupados.
"Eles têm potencial? Têm. Para assumir hoje o gol do Corinthians? Não" crava, sem cerimônia. "O Yamada é um goleiro que quer ser mais rápido do que a bola, que às vezes acaba escapando dele".
A exigência não é só com o trio corintiano. Na chegada ao clube, a diretoria pôs à mesa uma lista de possíveis reforços para a posição e pediu a opinião de Mococa, que vetou a maioria dos nomes.
"Às vezes, o que falta é preparação básica, fundamento. Um encaixe de bola, amortecimento... Se eles assimilarem, dá para corrigir. Os erros podem aparecer, mas não serão primários" garante, confiando na disciplina para resolver o problema.