O lendário Íbis, time pernambucano conhecido como o pior do mundo, conseguiu essa fama ao perder nove jogos seguidos, em 1983. Ontem, no Pacaembu, o Corinthians perdeu de 2 a 1 para o Juventude, pela Copa João Havelange, e acumulou sua 10ª derrota consecutiva. É a pior fase dos 90 anos de história alvinegra.
A pequena torcida presente ao estádio não estava confiante. Mas o sentimento de revolta continuava lá: gritos de protesto, faixas penduradas ao contrário e coros em homenagem ao zagueiro argentino Avalos, clara alusão irônica à péssima campanha do time.
O primeiro tempo começou equilibrado, sem muitas chances de gol para os dois lados. Mas o Corinthians mostrava uma força de vontade um pouco maior do que nos jogos anteriores. Só que a ducha de água fria veio aos 20 minutos, com o gol do Juventude. Após cobrança de escanteio, a defesa falhou na marcação e Michel antecipou para marcar de cabeça.
Foi o suficiente para que os poucos torcedores aumentassem o volume dos gritos de protesto. A idéia de acumular a 10ª derrota seguida fazia com que os corintianos tentassem mudar o panorama do jogo na base da garganta. Mas, ao contrário das atuações anteriores, os jogadores alvinegros não se abateram e mostraram uma força de recuperação que não se via há tempos.
O volume de ataque aumentou, a troca de passes também, e os lances de gol surgiram com mais freqüência. Nem parecia o Timão recordista dos últimos nove jogos.
E o resultado veio rápido. Aos 29 minutos, após boa jogada de Dinei, Fernando Baiano aproveitou um rebote do goleiro Diego e empurrou a bola para o gol vazio. O protesto da galera não tinha sido em vão.
Mas, na volta para o segundo tempo, a impressão era de que nem o próprio Corinthians acreditava na possibilidade da vitória. O jogo voltou a ficar equilibrado e os dois times chegaram poucas vezes à grande área adversária.
A trégua da torcida, que começou após o gol de empate, terminou. A falta de iniciativa corintiana era irritante demais. E o nervosismo das arquibancadas passou naturalmente para dentro do gramado. arquibancadas passou naturalmente para dentro do gramado.
O lance que ilustrou o fato foi a expulsão de Avalos. O zagueiro alvinegro jogava razoavelmente bem em sua estréia e, depois de se desentender com Adriano, foi expulso de campo. Era só o começo de mais um vexame corintiano.
O golpe final veio aos 40 minutos, com mais um gol do atacante Michel. A revolta da torcida virou-se imediatamente contra a diretoria corintiana e contra o técnico Candinho. O buraco alvinegro parece não ter mais fim.