Mateus Benato
É comum ouvir jogadores falando que vestir a camisa do Corinthians é um sonho. Mas o atacante Müller, que se apresentou ontem, ao lado do volante Djair, foi mais longe. Ao fechar o ciclo dos quatro grandes times de São Paulo, depois de atuar por São Paulo, Palmeiras e Santos, o pastor evangélico planeja encerrar a carreira futebolística no Parque São Jorge.
– Sinto-me um privilegiado. Jogar nos quatro grandes não é para qualquer um. Quero fechar meu ciclo na única equipe grande de São Paulo em que não tinha jogado – disse Müller, já com a camisa alvinegra.
O atacante, que tem o passe alugado do Cruzeiro, chega para jogar apenas quatro meses pelo Timão. A Hicks Muse, empresa que administra o futebol dos dois clubes, solicitou a transferência do jogador ao presidente do time mineiro, Zezé Perrela. No final da temporada, como os cruzeirenses disputam a Libertadores do próximo ano, a Hicks pode solicitar a volta de Müller a Belo Horizonte. Mas isso não está nos planos do novo corintiano.
– Já falei ao presidente do Cruzeiro que quero ficar no Corinthians por mais dois ou três anos, até encerrar a minha carreira. Mas isso não depende de mim e, sim, da empresa norte-americana – esclareceu o atacante, que não quer ser considerado como o salvador da pátria alvinegra.
– Não sou o Romário. Sou o Müller do Corinthians – brincou.
A pressão da torcida não preocupa o jogador. Para ele, com alguns resultados positivos, a situação muda rapidamente. E a experiência adquirida durante os quase 18 anos de futebol pode ser fundamental para a reviravolta da jovem equipe.
– Eu aprendi muito com o pessoal mais experiente quando comecei no São Paulo. Tudo o que eles me falaram foram coisas justas e verdadeiras e me ajudaram a me formar como jogador e também como pessoa – explicou, ao lembrar-se dos conselhos que recebia de Careca, Pita e Falcão na época em que era apenas um Menudo do Morumbi.
– Agora é natural eu ajudar os mais jovens aqui do Corinthians – disse Müller, que vai tentar fazer com que a constante pressão da torcida não afete os jovens valores que integram o time corintiano.
E a vivência como pastor evangélico pode ajudar bastante. Müller comanda a "Vida com Deus", comunidade de Belo Horizonte, mas vai ficar afastado das funções de pastor enquanto estiver em São Paulo.
– É claro que Deus não vai ajudar a bola a entrar no gol. Mas, quando você está com Deus, tudo corre melhor – completou o craque da fé.