José Antonio Gonzalez
Quatro toques na bola colocaram fim ao martírio que o Corinthians vinha atravessando nos últimos 39 dias. Apesar do bom futebol apresentado na estréia dos quatro reforços do Timão, o placar magro de 1 a 0 contra a Ponte Preta foi o suficiente para terminar com o jejum de nove partidas sem vitórias.
Aos 38 minutos do primeiro tempo, Maurício cobrou o tiro de meta e a bola caiu no pé de Djair, que deu um chutão para a frente. Fernando Baiano ganhou na corrida do zagueiro e cruzou de primeira para a área. Aí, foi só Müller completar para o gol. Quatro toques na bola e a torcida, que compareceu em bom número ao Pacaembu, comemorou o gol que daria a vitória para o Timão.
Com apenas um treino coletivo realizado, a grande preocupação do técnico corintiano Oswaldo Alvarez era a falta de entrosamento. Com cinco peças novas - Müller, Rogério, Scheidt e Djair, além de Marcelinho, que estava há muito tempo no departamento médico –, a aposta do treinador é que a qualidade individual da equipe superasse qualquer problema. E deu certo.
A primeira etapa do jogo foi eletrizante para os torcedores. Com jogadas de efeito, o Timão trocava passes com rapidez e envolvia com facilidade a Ponte Preta, onde o único destaque foi o volante Mineiro.
No segundo tempo, o Corinthians cansou. Marcelinho saiu vaiado, Rogério pediu para ser substituído e Scheidt foi expulso. Enquanto isso, a Macaca, muito bem armada por Nelsinho Baptista, começou a crescer. Se o grandalhão Washington fosse um pouco mais habilidoso, teria voltado para Campinas com um resultado melhor. Num primeiro lance, Maurício soltou a bola nos pés do atacante, que não teve tranqüilidade e chutou para fora do gol. Pouco depois, desperdiçou nova oportunidade, mandando a bola na trave.
Para compensar a expulsão de Scheidt, o juiz também mandou embora o zagueiro André Santos, da Ponte Preta. Com dez para cada equipe, o Timão recuou para segurar o resultado e até abusou dos chutões para os lados. O lateral-direito Rogério, por duas vezes, deu uma de zagueiro central e salvou Maurício de levar os gols.
Para vencer e acabar com o jejum, os corintianos apelaram até mesmo para a superstição.
No início da semana, a diretoria já tinha conseguido levar os jogos de volta para o Pacaembu - considerada a casa do Timão. Depois, foi a vez de mudar de concentração. A delegação abandonou o hotel onde vinha ficando nas últimas partidas, na região central de São Paulo, e retornou para um flat próximo à Avenida Paulista - local da antiga concentração. A última pitada de superstição foi com relação à camisa comemorativa aos 90 anos do clube.
A promessa é que ela seria usada durante o mês de setembro. Mas, segundo os jogadores, vinha dando azar e parece ter sido abolida uma semana antes do previsto.
– A branca impõe mais respeito – falou Marcelinho, um dos que pediram o uniforme tradicional.
Após a vitória, a sensação de alívio era tanta, que alguns até exageravam na dose de otimismo.
– Agora, já são cinco partidas sem perder – ironizavam os jogadores.