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Contratação de Luxemburgo provoca "racha" no Corinthians
Fonte: Agência Folha

A contratação do técnico Wanderley Luxemburgo, por imposição do presidente do Corinthians, Alberto Dualib, provocou um racha entre dirigentes do clube, conselheiros e os próprios jogadores, que queriam o retorno de Oswaldo de Oliveira.

Há quatro meses sem trabalhar, desde que foi demitido da seleção brasileira, no dia 30 de setembro do ano passado, após o fracasso nos Jogos Olímpicos de Sydney, Luxemburgo será apresentado nesta terça, às 12h, no salão nobre do Parque São Jorge.

O treinador, que assinou nesta segunda um contrato de dois anos com o clube, terá de treinar a equipe para o jogo da próxima quinta-feira, contra o Fluminense, pelo Torneio Rio-São Paulo, de muletas. Ele sofreu uma cirurgia no tendão do tornozelo e no joelho direito na última quinta-feira.

A partida poderá valer uma vaga para a próxima fase da competição. No domingo, em seu segundo compromisso, Luxemburgo terá de encarar o clássico estadual de maior rivalidade atualmente, contra o Palmeiras.

O ex-técnico da seleção irá substituir Dario Pereyra, demitido na noite de domingo, depois de sofrer três derrotas consecutivas.

Luxemburgo enfrentava a resistência de conselheiros do clube pelo fato de estar envolvido em investigações de crime de sonegação fiscal, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e intermediação na venda de jogadores convocados pela seleção na época em dirigiu a equipe -de agosto de 1998 a setembro do ano passado.

Ele havia dirigido o clube em 1998, na conquista do título do Campeonato Brasileiro e do segundo lugar do Paulista.

"É um técnico competente, com grandes serviços prestados ao Corinthians e ao futebol brasileiro. Suas pendências jurídicas não serão resolvidas no campo de futebol. Por causa desses problemas, ele não pode ter uma punição prévia e ser proscrito do futebol", disse o vice-presidente de futebol corintiano, Antonio Roque Citadini, que defendia a volta de Oliveira.

O técnico que sucedeu Luxemburgo no Parque São Jorge, conquistando o Paulista-1999, o Brasileiro-1999 e o Mundial de Clubes da Fifa-2000, teria sido informado pela manhã de que estava tudo certo para assumir a equipe.

Pouco depois, Dualib voltou atrás, insistindo em Luxemburgo, que chegou a ser confirmado pelo site oficial do clube no início da tarde. Porém, diante do racha interno, a diretoria corintiana fez com que o site retirasse a notícia do ar até que se chegasse a um consenso -o que só veio a ocorrer no final da tarde.

"Chegamos a uma decisão unânime entre a diretoria e a comissão técnica. Pelos atletas, não posso responder", disse Citadini, tentando abafar o racha para evitar consequências negativas no time.

Um dos argumentos de Dualib para trazer Luxemburgo seria para evitar o domínio total dos jogadores na queda-de-braço que levou à demissão de Dario Pereyra. Para eles, a chegada de Oliveira, como defendiam os atletas, denotaria a vitória dos subordinados.

Além disso, Oliveira, com proposta de outro time grande, teria demorado para dar a sua resposta ao clube, que tinha pressa na definição de seu novo técnico em razão dos dois compromissos importantes que terá esta semana.

Outro fator levado em consideração foi o salário aceito por Luxemburgo, três vezes menor do que o que ele ganhava quando deixou o Corinthians para se dedicar exclusivamente à seleção.

Em novembro do ano passado, após a demissão de Candinho, o presidente do Corinthians havia vetado o retorno de Luxemburgo, dizendo que não queria que o Corinthians virasse "foco da CPI".

Desta vez, sua conclusão foi a de que o pior já passou -o desastroso depoimento de Luxemburgo, em dezembro, à CPI do Futebol, instalada no Senado.

Ao rescindir seu contrato com o Corinthians em 1998 para "driblar" a multa rescisória, Luxemburgo se comprometeu a voltar ao clube quando saísse da seleção.

Pelo acordo, ele estava se "licenciando" temporariamente do clube para prestar um serviço à seleção. Com isso, não pagou R$ 1 milhão que o banco espanhol Bilbao Vizcaya, patrocinador do Corinthians na época, exigia.

"O que importa é o presente. E o Luxemburgo ficou muito feliz com o convite, dizendo reconhecer a importância do Corinthians", afirmou Citadini.